segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Tristes reflexões sobre um problema recorrente

A subida da água foi muito rápida. Percebi por volta das 20h30 deste domingo (23/1), enquanto Nelson Triunfo mostrava algumas de suas muitas composições musicais e discorríamos sobre diversos assuntos, depois de um churrasco improvisado em sua casa, na região da Penha (zona leste de SP).
Por sorte, não houve perigo na casa de Nelsão, apenas o susto e o desagradável transtorno de ter a cozinha e parte da sala tomada por uma "piscininha" de pouco mais de cinco centímetros.
Para alguns vizinhos, a coisa foi muito pior: a água chegou a mais de um metro de altura, encobriu carros, estragou móveis e imobilizou moradores (foto ao lado).
É uma situação triste e revoltante ver a água invadir lares e ameaçar móveis, objetos, vidas. Triste porque é algo ínfimo se comparado aos desmoronamentos catastróficos que têm se repetido, ano após ano, em diferentes regiões do Brasil, destruindo sonhos e famílias. Revoltante porque é algo que poderia ser evitado, se o poder público e a população fizessem sua parte. Culpar a "natureza" por isso, como fazem alguns governantes, é um misto de hipocrisia, ironia, covardia, cara-de-pau e filha-da-putice!
As enchentes e as habitações em áreas de risco são problemas distintos, mas diretamente relacionados. E, sobre esta questão, vejo um conjunto de fatores que merecem reflexão:

1. Ninguém dá ao lixo a atenção que ele merece.
O poder público é conivente com o "cartel" de empresas que obtêm contratos milionários para desempenhar péssimos e inconstantes serviços de coleta e varrição, e não existe planejamento sobre a destinação adequada do lixo. Daí, formam-se estúpidos depósitos que envenenam o solo e os lençóis freáticos, boa quantidade de materiais recicláveis não é reaproveitada e parte significante deste material é abandonada em locais impróprios, como terrenos baldios e calçadas pouco movimentadas, pronta para entupir bueiros e bocas-de-lobo.

Soma-se a este problema uma grande parcela ignorante da população, que não cuida do próprio lixo e o abandona em qualquer lugar. Isso vale para todo tipo de lixo, desde as bitucas de cigarro às embalagens descartáveis e até móveis que são largados nas ruas por gente imbecil que só faz peso na Terra.


2. Não existe explicação para que seres humanos precisem habitar áreas de risco. É claro que, muitas vezes, quem opta por esses lugares não possui outra opção. De quem é a culpa? Primeiramente, da gananciosa "cultura latifundiária" que faz um pequeno grupo de famílias deter grandes extensões de terras, muitas vezes improdutivas, herança do coronelismo e de um feudalismo burro - que, ainda hoje, é respaldado pela dita "Justiça".
Um exemplo digno de reflexão: o Brasil possui extensão territorial 22,5 vezes (mais de 2.000%) maior que a do Japão, e população 50% superior. No Japão, há muitas áreas verdes, campos, parques, praças e reservas naturais, e mesmo assim ninguém precisa brigar por terra ou residir em encostas de morros ou outras áreas de risco. Como se explica que no Brasil, país de dimensões continentais, existam milhões de pessoas brigando por um pedaço de terra e outras milhões residindo sobre verdadeiras bombas-relógio? Talvez alguns deputados e senadores, que detêm latifúndios absurdamente gigantes e improdutivos, possam explicar...

3. É triste ver que certos políticos só governam para os ricos, e priorizam ações desnecessárias.
É fácil distribuir carnês de cobrança de IPTU sem nunca ter pisado numa rua como essa (clique na foto para ampliar), em que a estrutura oferecida pela administração municipal é da pior qualidade. É fácil aumentar a passagem de ônibus para absurdos R$ 3, sem nunca ter sido tratado como gado no ineficiente transporte público. Para quem tem rede de esgoto, asfalto e praça florida na porta de casa é fácil gastar o dinheiro público com festas fúteis, estroboscópios, milhões de lâmpadas natalinas, Carnaval e obras desnecessárias nos bairros nobres em que residem seus pares.


4. Quem vota sempre nos mesmos (que estão há décadas fazendo besteira seguida de besteira e ignorando as necessidades da população periférica), infelizmente, merece passar por isso tudo. Até que aprenda a votar e fiscalizar seus representantes nas diferentes esferas políticas...

sábado, 22 de janeiro de 2011

Correria total: 10% de inspiração e 90% de transpiração!

Não sei quem é o autor de uma frase com a qual me identifico muito, e diz algo como: "Faça o que ama e nunca mais terá de trabalhar".
É com este pensamento que, desde o início, tenho encarado a nobre e honrosa missão de escrever a biografia de Nelson Triunfo.
Para quem não sabe ainda, a ideia deste projeto nasceu de um sonho que tive, em que vi o livro prontinho. Quando acordei, pensei: "E por que não?". Daqui a umas semanas, prometo explicar melhor este episódio, ocorrido em meados de 2009, logo que cheguei de um período de quase quatro anos no Japão - sempre, mantendo contato com o mestre Nelsão.
Nas últimas semanas, com a ótima notícia de ter conseguido apoio para viabilizar a publicação do livro, intensifiquei as pesquisas - sem exageros, elevei o ritmo de trabalho à centésima potência (por conta disso, até pedi um afastamento temporário do portal Central Hip-Hop - que segue muito bem gerido pelos meus parceiros DJ Cortecertu, Noise D, Skillz, Bruno Gil e Jéssica Balbino, entre outros guerreiros e guerreiras).
Diariamente, tenho captado entrevistas, garimpado os arquivos pessoais do próprio Nelson Triunfo e explorado todo material bibliográfico, jornalístico e audiovisual que, de alguma forma, tenha relação com sua história.
O resultado desse ritmo "frenético" (como diriam meus amigos cariocas) pode ser exemplificado na foto acima, que reúne uma pequena parte do material sobre o qual tenho me debruçado diariamente. São trabalhos acadêmicos, livros, documentários, recortes de jornal, músicas, fotografias e muitas outras peças de um quebra-cabeça importantíssimo para a cultura brasileira.
Com 10% de inspiração e 90% de transpiração, sigo montando este maravilhoso quebra-cabeça, o que é uma missão muito mais prazerosa que trabalhosa.

E vejamos como o destino é um roteiro fabulosamente bem escrito: há poucos dias, comecei a participar da produção do documentário "Triunfo", que contará a trajetória do pai do hip-hop brasileiro, fazendo justiça à importância de Nelsão.
Por contar com uma estrutura profissional muito boa, este filme injetou ainda mais ânimo no presente escriba. Em breve, poderei publicar mais informações a respeito deste documentário, que contará com depoimentos de diversas personalidades-chave da cultura brasileira.
Nos próximos dias, faremos pelo menos mais três entrevistas importantíssimas - e, à medida do possível, o "making of" dessas atividades será publicado neste blog.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As incursões de Nelsão no cinema

Poucas pessoas sabem, mas, além de dançarino, coreógrafo, arte-educador, músico e poeta, Nelson Triunfo também é ator.
A verdade é que o pai do hip-hop brasileiro é um ARTISTA na melhor concepção da palavra, o que o permite circular com singular desenvoltura por diferentes manifestações.

Um dos trabalhos que considero mais brilhantes na vida de Nelsão é sua participação no filme "A Marvada Carne", de 1985, que, na época, contou com a participação de duas jovens e (então) 'desconhecidas' atrizes: Fernanda Torres e Regina Casé. O filme, em si, é uma obra-prima pouco valorizada no cinema nacional.
E Nelsão interpretou um curupira que rouba a cena com passos de dança black - entra com um "moonwalk" e sai com um giro "a la James Brown".
Vale a pena conferir, entre o final da parte 1 e início da parte 2 (mas recomendo que quem puder assista ao filme na íntegra):






Vale lembrar que Nelson Triunfo também participou do ótimo filme "Uma Onda no Ar", de 2002, que conta a história da Rádio Favela de Belo Horizonte (MG). E, em 2007, foi à Alemanha participar da peça teatral "Na Selva das Cidades", de Bertolt Brecht, a convite do renomado diretor Frank Castorf. Em breve, discorrerei sobre essas experiências.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A essência resiste em Valmir Black Power

Nesta quinta-feira (13/1), fui à casa do sempre atencioso 'brother' Valmir Black Power, um dos poucos blacks de verdade que ainda existem/resistem.
Amante da boa música negra, com ênfase no soul e no original FUNK, ele me ajudou a entender como era a cena dos bailes black entre as décadas de 1970 e 1980, época em que Nelson Triunfo se mudou para São Paulo para tornar-se um dos principais difusores da música negra e da cultura hip-hop no Brasil.

O primeiro contato de Valmir Black Power com a cultura que revolucionou a música negra mundial ocorreu em 1977, época em que começou a frequentar os diversos bailes e shows que movimentavam a cena em São Paulo e eram organizados por equipes como Chic Show, Zimbabwe, Black Mad, Musicália e Kaskata's, entre tantas outras.
Em 1978, viu Nelson Triunfo pela primeira vez, no épico show de James Brown no ginásio da Sociedade Esportiva Palmeiras.

O tempo passou, a música sofreu transformações, o hip-hop surgiu e cresceu, e Valmir Black Power precisou se tornar bem menos assíduo nos bailes, em razão de compromissos profissionais e familiares. Mas, ainda hoje, sempre que pode, capricha no visual e corre para a pista de dança, com a mesma essência que o fez ostentar a cabeleira black power em pleno período de ditadura militar, a mesma paixão por James Brown e seus muitos discípulos na música, o mesmo coração e mente abertos.
Muito obrigado, Valmir Black Power, pela honra de poder ser muito bem recebido em sua casa e conhecer sua linda família, a quem estendo meus agradecimentos. Muito respeito mesmo à sua trajetória "black" e à sua pessoa!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Joul, uma "cria" das oficinas ministradas por Nelsão

Nesta quinta-feira (6/1) passei horas "importunando" o MC e b.boy Joul, do grupo Matéria Rima e também integrante da Funk & Cia (de Nelson Triunfo). Colhi muitas informações, fotos, vídeos e uma entrevista com este grande hip-hopper, de quem tenho a honra de ser fã e amigo.
Nascido em Jaboatão dos Guararapes (PE), terra natal dos repentistas Caju e Castanha, Joul possui uma história de vida marcada pela superação - e credita muito disso a Nelson Triunfo, que considera um segundo pai. "Cria" das oficinas culturais promovidas por Nelsão em Diadema (SP), Joul é hoje um multiplicador dos conceitos que aprendeu com o pai do hip-hop brasileiro.
Atualmente, Joul é um grande articulador do hip-hop como instrumento (re)educativo. Em Barueri, desenvolve o elogiável projeto "Vem Comigo Hip-Hop Arte" (clique aqui para saber mais). E é pai do MC Nicolas, de apenas 11 anos, um garoto muito talentoso que já tem brilhado muito no momento presente e nos assegura um ótimo futuro para o rap (clique aqui para ver seus vários vídeos no YouTube).
Com o grupo Matéria Rima, Joul faz um rap diferenciado, de cunho nitidamente educativo, inclusive inserindo em suas letras temas relacionados a disciplinas escolares. O ótimo jornalista e crítico musical Pedro Alexandre Sanches é fã declarado de seu trabalho - algo que, na minha opinião, é um respeitável 'atestado de qualidade' (clique aqui e aqui para ler textos dele sobre Joul e o Matéria Rima).
Selecionei um vídeo do Matéria Rima (inclusive, com performance do MC Nicolas) para compartilhar com minha meia dúzia de leitores:



A Joul e Majô, deixo aqui o meu muito obrigado pela disposição e por terem me aturado, ontem, durante várias horas. Quando a biografia de Nelson Triunfo ficar pronta, verão que foi por uma boa causa!

sábado, 25 de dezembro de 2010

A melhor notícia de 2011 já chegou!

Digamos que este tenha sido meu presente de Natal. Nem espero 2010 terminar para anunciar o que, creio, será a melhor notícia deste blog para o ano de 2011: consegui apoio para viabilizar a publicação de "Nelson Triunfo: Do Sertão ao Hip-Hop", a biografia oficial de Nelsão - o 'pai' do hip-hop brasileiro.
Ainda não posso dar muitos detalhes sobre como o livro será publicado, mas, salvo alguma rara exceção, o livro deverá estar pronto, no máximo, no início do segundo semestre de 2011.
Uma segunda surpresa, tão impactante quanto o próprio livro, poderá ser apresentada ao público dentro deste mesmo prazo.
Assim que for possível, no momento oportuno, anunciarei aqui mais detalhes sobre esta ótima notícia que faço questão de compartilhar com todos os que respeitam a história de Nelson Triunfo e aguardam para poder ler sua biografia.

(Considero que o pai do hip-hop brasileiro merece muito mais que esse modesto reconhecimento, mas seguimos fazendo a nossa parte, com o que está ao nosso alcance)

Por enquanto, deixo aqui mais um "aperitivo": uma foto de Nelsão com seu grupo Funk & Cia, na rua 24 de Maio (centro de São Paulo), em 1983. O crédito é do meu parceiro Billy, um dos primeiros MCs do Brasil e um grande colaborador deste projeto.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sobre o documentário "Nos Tempos da São Bento"...

Na minha postagem anterior, falei sobre o documentário "Nos Tempos da São Bento", que foi lançado oficialmente no dia 26 de novembro. Hoje, volto para elogiar a obra, rica em depoimentos emocionantes que contam um importante capítulo da história do hip-hop brasileiro.
Repito o que já escrevi em uma reportagem sobre o filme, publicada no portal Central-Hip-Hop: mais que um documentário, "Nos Tempos da São Bento" é um documento para a cultura de rua tupiniquim!

Segue abaixo um trecho do texto que escrevi sobre este maravilhoso filme, com depoimentos do diretor Guilherme Botelho (DJ Guinho), João Break, Chileno e Jackson (Stillo Selvagem), além do link para quem quiser ler a íntegra do texto.


"A importância da memória como um patrimônio a ser valorizado, registrado e perpetuado determina o fio condutor da narrativa. Este viés histórico se intercala com dezenas de depoimentos ricos e carregados de emoção, compondo o documentário Nos Tempos da São Bento, lançado no dia 26 de novembro, na Galeria Olido, em São Paulo. Participam do filme diversos personagens que protagonizaram ou testemunharam o surgimento do hip-hop em São Paulo, história que tem na estação São Bento do metrô um capítulo fundamental.
(...)
Um dos primeiros espaços públicos "tomados" pelos primeiros b.boys paulistanos entre 1984 e 1985, a estação São Bento se tornou um dos principais points do hip-hop paulista e brasileiro, reunindo, todos os sábados, as "gangues" (crews de b.boys) que buscavam um bom chão para dançar. Com o tempo, o graffiti e o rap também estiveram representados no local, mas a dança sempre foi o principal elemento aglutinador. A história durou entre 16 e 17 anos. Além de inúmeros b.boys consagrados, por lá também passaram, por exemplo, OsGêmeos, Thaide, DJ Hum, MC Jack, Mano Brown e KL Jay, entre muitas outras personalidades. No filme, eles mesmos relembram o período, junto a outros nomes como DJ Heliobranco, Vitché, Sharyline, Jackson (Stillo Selvagem), Pepeu, João Break, Nelson Triunfo, GOG, Código 13, Doctor MCs, MT Bronks, Marcelinho Back Spin, Mister Kokada e muitos outros (...)"

>> Clique aqui para ler a íntegra desta reportagem

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Documentário "Nos Tempos da São Bento"

Eu não vou perder por nada, nem que chova granizo, caia neve ou um tsunami de lava ardente resolva varrer o centro de São Paulo!
Está marcada para esta sexta-feira
(26/11) a estreia do documentário "Nos Tempos da São Bento", que fala sobre o início do hip-hop na cidade de São Paulo, em meados da década de 1980. O filme será exibido gratuitamente na Galeria Olido, no centro de São Paulo, com limitação de 236 lugares (clique na imagem para visualizá-la melhor).
Gravado entre 2007 e 2010, "Nos Tempos da São Bento" tem direção e produção de Guilherme Botelho (DJ Guinho), co-produção de Alam Beat (Sampa Crew), fotografia de Cassimano, arte de Zero 4 e edição de Mateus Subverso.
Em dois vídeos promocionais que circulam na internet, diversas personalidades da história da cultura de rua tupiniquim apoiam e promovem o documentário, como Pepeu, KL Jay (Racionais MCs), Nelson Triunfo, MC Jack, Doctor MCs, Código 13, MT Bronks, João Break, os grafiteiros Osgemeos e diversos b.boys e b.girls.

Espero, nesta ocasião, ter a chance de fazer novos contatos e angariar o apoio de muitos outros personagens importantíssimos na trajetória de Nelson Triunfo - e, consequentemente, do hip-hop brasileiro.
A exibição de Nos Tempos da São Bento deverá ter início às 19h desta sexta-feira (26/11), na Galeria Olido, que fica na rua São João, 473 (próximo à estação República do metrô). Compareça e prestigie a história do hip-hop brasileiro!

>> Conheça o blog Tempos da São Bento

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Thaide e DJ Hum juntos... ???

Imagino que algumas pessoas vão me xingar, ao menos em pensamento, mas não resisti à tentação de fazer um pouco de "sensacionalismo" no título desta postagem - para ver se atraio mais do que minha habitual meia dúzia de leitores (ou menos)...
Mas, se me permitirem complementar a frase lançada acima, não deixarei de exprimir uma verdade: "Thaide e DJ Hum juntos... no propósito de colaborar com a biografia de Nelson Triunfo".
Eu, pelo menos, tenho bons motivos para comemorar: já conversei com ambos e, sem hesitar por um segundo sequer, Thaide e DJ Hum se colocaram à disposição para me contarem histórias sobre Nelsão - que conhecem há quase 30 anos.
Juntos, eles frequentaram a histórica estação São Bento do metrô e participaram da criação do hip-hop brasileiro. Juntos, viveram momentos que merecem ser registrados e perpetuados. E, para mim, é uma honra poder biografar um dos pais da nossa cultura de rua, contando com a ajuda de dois dos protagonistas da cena, a quem o hip-hop muito deve.
Numa curiosa coincidência, os próprios Thaide e DJ Hum foram proféticos, em 1987, quando deram ao seu primeiro álbum o sugestivo nome Pergunte a Quem Conhece (que Thaide reutilizou, em 2004, em sua biografia escrita pelo jornalista César Alves).
É exatamente o que vou fazer para obter as informações mais fiéis sobre Nelson Triunfo: perguntar a quem conhece!

Além destes dois "monstros" (Thaide e DJ Hum), outras figuras ilustres da história do hip-hop brasileiro já concordaram em colaborar comigo nesta missão de escrever a biografia de Nelsão. Uma destas pessoas é o MC Billy, integrante da primeira formação do Funk & Cia e responsável por algumas das primeiras gravações do rap brasileiro.
Em breve, falarei sobre outros colaboradores que estão chegando para somar neste time de primeira linha de "arquivos vivos" da trajetória de Nelson Triunfo - e, por consequência, do hip-hop brasileiro.
Desde já, muito obrigado Thaide, DJ Hum e todas as outras pessoas que compreendem meu propósito e se colocaram à disposição para me ajudar.
Num futuro breve, falarei mais detalhadamente sobre cada um desses colaboradores, neste mesmo blog.

sábado, 6 de novembro de 2010

Nelson Triunfo e o orgulho de ser nordestino

Quando dei início ao projeto de escrever a biografia de Nelson Triunfo, tinha em mente dar ao livro o título de "Do Soul ao Hip-Hop", uma sugestão feita pelo próprio. Afinal, este é um nome que Nelsão carrega, há mais de 15 anos, em diversos projetos sociais e educativos que desenvolve por todo o Brasil.
Após começar a colher seus depoimentos e coletar informações sobre sua vida, fiquei impressionado com o orgulho que Nelsão ostenta com relação a sua origem nordestina. A começar pelo fato de carregar Triunfo (PE), sua cidade natal, no próprio nome artístico. Esta constatação me fez repensar o nome da biografia e modificá-lo para "Do Sertão ao Hip-Hop" - até mesmo porque o livro abordará a vida dele desde a mais tenra infância, e foi somente na adolescência que ele teve contato com a soul music. Nelsão sempre se define como "uma mistura de Luiz Gonzaga com James Brown" - e, de fato, seu estilo, seu comportamento e sua personalidade refletem este híbrido inusitado.
Resolvi falar sobre a nordestinidade de Nelson Triunfo em razão da recente onde de xenofobia manifestada na internet por algumas pessoas do Sul e do Sudeste do Brasil. Até escrevi um artigo sobre essa questão no portal Central Hip-Hop. Leia um trecho:

"As primeiras horas seguintes à eleição de Dilma Rousseff (PT) para a Presidência da República foram marcadas por uma baixa e desprezível onda preconceituosa contra os brasileiros do Norte e do Nordeste do país, manifestada através da internet por alguns eleitores do Sul e do Sudeste que preferiam a vitória do candidato derrotado José Serra (PSDB). Entre as vazias, egoístas e arrogantes manifestações xenófobas, tais internautas creditaram a eleição de Dilma aos votos por ela obtidos dos eleitores nortistas e nordestinos. Não posso deixar de tecer alguns comentários sobre este triste e lamentável episódio, que reflete mais do que ignorância: expõe a pretensão elitista e injustificável de pessoas que se consideram superiores a outras, escancara a estupidez humana em sua forma mais primitiva e alimenta um ódio gratuito que, se não for devidamente contido e dizimado, pode se tornar mais um grave problema à harmonia social que tanto se almeja (...)."
>> Clique aqui para ler este texto na íntegra

Vale lembrar que, no final de 2008, o então presidente da Philips no Brasil, Paulo Zotollo, declarou: "Se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado". A infeliz declaração, que (infelizmente) refletiu o pensamento de grande parte da elite sulista, rendeu ao executivo moções de repúdio da Assembleia Legislativa do Piauí e do Ceará (em solidariedade ao Estado vizinho).
Com raízes familiares no Piauí, o rapper GOG (na foto, junto com Nelson Triunfo, em evento realizado há cerca de um mês) protestou com a música "Por amor (Direito de resposta)", lançada no ano passado.
Confira abaixo o videoclipe desta música: