sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Nelsão, descendente de Sansão

Em sua participação da canção "Desafio no rap embolada", de Thaide & DJ Hum, Nelson Triunfo versa: "Aqui é Nelsão, descendente de Sansão", numa clara referência a sua vasta cabeleira black.
Apaixonado pela dança, Nelsão, que normalmente deixa o cabelo guardado em uma enorme touca, solta-o sempre que chega ao ápice de uma performance, quando a dança o deixa extasiado.
Coloque um bom funk ou soul em alto volume perto do Nelsão e ele não resistirá por muito tempo até começar a dançar.
O vídeo que segue abaixo mostra uma performance de Nelsão, com o cabelão black solto, e termina de forma bem engraçada e curiosa.
("Para onde ele foi?")...


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O rap-repente de Zé Brown

No último domingo, Nelson Triunfo me presenteou com o CD "Repente Rap Repente" (2008), do também pernambucano Zé Brown (veja capa ao lado). Uma obra-prima!
Um dos mentores do Faces do Subúrbio, o mais célebre grupo de rap pernambucano, Zé Brown sempre esteve sintonizado com as diversas e riquíssimas manifestações populares nordestinas, como o coco, a embolada, o repente e a literatura de cordel.

Neste CD solo, produzido pelo notável músico Skowa (ele mesmo, do Skowa e a Máfia) em parceria com Janja Gomes (filho de João Paraíba, do lendário Trio Mocotó), Zé Brown atingiu a perfeição sonora no casamento entre o rap e os ritmos nordestinos, com destaque para o repente - "irmão" brasileiro do rap.

Em sua obra, Zé Brown contou com colaborações muito especiais e que representam a riqueza e a versatilidade da "MPB afronordestina" produzida em terra brasilis, como as de Caju e Castanha (os maiores expoentes do repente no Brasil), Paula Lima (maravilhosa diva do soul tupiniquim), Lenine (um dos mais versáteis e respeitados músicos pernambucanos) e o rapper/sambista Rappin' Hood (que dispensa apresentações).
Aqui, faço questão de exibir uma apresentação de Zé Brown com Caju e Castanha, no programa "Manos e Minas", da TV Cultura:

Outros talentos pernambucanos do repente, como Aurinha do Coco, Castanhola, Passarinho e Xexéu, também emprestaram seu talento no primoroso trabalho de Zé Brown, assim como os alunos da instituição Grupo de Apoio Pé no Chão (da qual o rapper-repentista faz parte) e ótimos rappers pernambucanos, ainda pouco conhecidos, como Mago MC, Samuel Negão, Ítalo MC e Nielson Terror.

Por que falo tanto de Zé Brown num blog sobre Nelson Triunfo? Por um motivo muito simples: além de defenderem o orgulho pernambucano, ambos equilibram muito bem sua devoção às raízes culturais nordestinas - algo muito presente no espírito e na musicalidade de Nelsão.
Seguramente, Zé Brown é o MC brasileiro que possui a veia cultural mais afinada com a de Nelsão, e essa essência é a que mais representa o rap genuinamente brasileiro.
Costumo dizer que o rap e o repente são frutos de uma mesma semente africana semeada em solos diferentes, assim como o break e a capoeira.

Zé Brown merece esta homenagem e representa muito do que Nelsão oferece à cultura afronordestina brasileira.
A seguir, deixo aos leitores deste blog o ótimo vídeo da canção "Próximo personagem", faixa nº 3 do elogiável CD solo de Zé Brown:

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O verdadeiro FUNK!

A maioria das pessoas reage com uma compreensível careta quando digo que AMO o FUNK.
Percebo, sempre, que isso ocorre por pura ignorância dos meus interlocutores - ignorância no sentido de "desconhecimento", "desinformação", e não de "burrice", que fique claro.
Na década de 1990, criou-se um rótulo errôneo, no consciente popular, de que FUNK é o ritmo que, na verdade, chama-se "miami bass".
Trata-se do que prefiro chamar de "funk carioca" - que, apesar de herdar influências do verdadeiro funk de raiz, não é o FUNK que eu aprecio.
O miami bass, como diz o nome, surgiu em Miami (EUA), tendo o grupo 2 Live Crew como um de seus principais expoentes.
Nada tenho contra o ritmo, que, aliás, se tornou uma febre nas periferias de todo o Brasil, mas sim contra suas letras pornográficas e machistas, que não transmitem nenhum conteúdo proveitoso.
Muito pelo contrário, acredito que tais canções ajudam a manter a alienação popular, bem como os axés mais toscos e apelativos.

Quero aqui apresentar o vídeo da música "Vâmo funká", do grupo R.A.T.E.I.O., que conta com a participação de Nelson Triunfo. Apesar de terem sido gravados com poucos recursos, a canção e o vídeo são bem criativos - e transmitem, em seu ritmo, a sonoridade do VERDADEIRO FUNK! Vejamos o vídeo:


=> Aviso aos desinformados que queiram referências do verdadeiro funk: ouçam James Brown, Funkadelic, Parliament, The Meters, Bootsy Collins, Con Funk Shun, e por aí vai. No Brasil, os maiores expoentes foram Tim Maia (principalmente na fase "racional"), Gérson King Combo, Tony Tornado e Banda Black Rio.

*** E por favor: nunca (JA-MAIS!) chamem o miami bass de FUNK quando estiverem perto de mim!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Churrasco, yakissoba e James Brown!

Domingo 24, véspera de feriado (aniversário de São Paulo).
Nem a chuva, que se tornou uma triste rotina diária na maior cidade do Brasil, impediu que eu e Nelsão Triunfo pudéssemos confraternizar e recolocar as conversas em dia, depois de um mês sem mantermos contato - período em que, conforme relatei neste blog, ele viajou pelo Nordeste e eu trabalhei bastante sobre o texto final da biografia.

Cumprindo uma promessa feita há cerca de dois meses, preparei duas grandes panelas de yakissoba na casa do Nelsão, onde também desafiamos o mau tempo e, protegidos por uma imensa lona, fizemos uma bela churrascada. Entre uma garfada e outra, a trilha sonora foi a de sempre: muito soul e funk, com destaque para James Brown, o mais imortal ícone da música negra, a quem tanto eu quanto Nelsão tivemos o privilégio de cumprimentar.
Meu encontro com James Brown ocorreu em fevereiro de 2006, em Nagoya (Japão), nove meses antes de seu falecimento. Só quem já esteve perto do 'Godfather of Soul' sabe o que isso representa.
Tive, naquela ocasião, a honra de poder beijar a mão do maior fenômeno que a música negra já teve e que, para muitos, foi o primeiro MC da história.

Mais sortudo ainda, Nelsão se encontrou com James Brown em cinco ocasiões, a primeira delas em 1978. Mr. Dynamite o chamava de "sherriff" (xerife).
Tais lembranças, em conversas deliciosamente acompanhadas de churrasco e yakissoba, foram intercaladas, é claro, por eletrizantes passos de dança.
Mesmo sob insistente chuva, Nelsão e seus filhos Jean e Andrinho fizeram performances muito divertidas, comprovando que o hip-hop de raiz está inserido em seu DNA.

Agradeço a Nelsão e família por terem me proporcionado um domingo tão agradável - sem me esquecer das presenças de Carlos Louquinho e dos colegas de basquete de Jean, que também participaram desta celebração informal.
Quanto ao livro, continuamos trabalhando em um ritmo muito produtivo e, em breve, poderemos ter boas novidades.

Paz a todos e um ótimo feriado (apesar da chuva)!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Homens trabalhando...

Acabei de passar os olhos por este blog e me coloquei no lugar de um leitor. Percebi que, quando comecei a escrever neste espaço, estava empolgado com o blog como uma "ferramenta extra de comunicação", pensando que ele atrairia mais informações, colaboradores, etc. Por isso, escrevia com mais frequência.
Notei, também, que estou há bons dias sem escrever nada por aqui. Isso deve-se, em parte, à virada de ano, período em que todo mortal merece descansar, curtir mais a família, viajar (se possível), revisar conceitos e fazer planos para o novo ano. Nelsão viajou para o Nordeste e eu me coloquei a trabalhar no texto final do livro, em um ritmo feroz. Isso ninguém vê mas, se eu não contar aqui no blog, algumas pessoas poderão pensar que não estou fazendo nada.
A quem aguarda a biografia do Nelsão, devo esta satisfação: o trabalho está caminhando muito bem. Uma pessoa, muito especial para mim, já está me ajudando a conferir e corrigir os textos. Meu trabalho de pesquisa também tem sido bastante frutífero.
Boa parte desta pesquisa devo a pessoas que têm colaborado comigo. Quero aqui fazer um especial agradecimento a elas, desde já, e espero que surjam outras pessoas dispostas a colaborar.
- MAURÍCIO CAMPOS, sobrinho de Nelsão, mora no Ceará e escreveu para mim. Já me passou informações valiosas e se propôs a manter contato e me ajudar no que eu precisar. Muito obrigado, Maurício!
- Também recebi um e-mail do pessoal do US Blacks, do Distrito Federal, com relatos muito importantes sobre a passagem de Nelsão por lá, em meados da década de 1970. Nelsão morou um ano na Ceilândia e mais um ano em Sobradinho, período em que ajudou a fomentar a cena black por lá. Não por acaso, o DF é hoje um celeiro de excelentes b.boys e b.girls, e possui importante representatividade no hip-hop brasileiro. Agradeço profundamente por mais esta colaboração dos parceiros Éddy Brown, Mr. Bimba, D'Bellus e Black Matuza.

* Volto a frisar que quem ainda tiver relatos que julguem ser importantes, sobre Nelson Triunfo e sua trajetória, pode também colaborar com a biografia. Basta escrever para biografiadenelsontriunfo@gmail.com

Antes que alguém pense que estou parado, deixo claro: aqui há HOMENS TRABALHANDO!