A capa do caderno Viver (Diário de Pernambuco) deste sábado traz uma reportagem especial sobre Nelson Triunfo. Com o título "Sertanejo bom de hip-hop", o texto assinado por Michelle de Assumpção lembra que Nelsão acaba de ser homenageado pelos organizadores XV Festival Internacional de Dança do Recife, evento que teve início no dia 21 e é encerrado neste sábado (30/10). A reportagem lembra que Nelson Triunfo é considerado um dos "pais do hip-hop" no Brasil, e fala sobre sua trajetória na cultura de rua. Leia abaixo um trecho da matéria:
"O pai do hip hop brasileiro é sertanejo. O pernambucano Nelson Gonçalves Campos Filho nasceu no Sítio Caldeirão, em Triunfo, no dia 28 de outubro de 1954. "Eu era elogiado em Triunfo por professores que não elogiavam ninguém. Até o que não era para ler, eu lia. Estava sempre com as revistas Cruzeiro e Manchete debaixo do braço, também assistia a muitos filmes", diz o dançarino, cantor, produtor cultural e educador social Nelson Triunfo. A imagem de Nelson - com seu magnífico black power e sua ginga de b-boy veterano e precursor - é hoje a representação dessa cultura que o brasileiro tomou emprestada dos negros da periferia norte-americana, para moldar na forma da periferia de suas grandes metrópoles. Depois dos anos 1970, foi a primeira vez que o artista comemorou aniversário em Pernambuco (56 anos, na última quinta-feira). Saiu de sua cidade natal para Paulo Afonso e, em 1977, foi morar em São Paulo. Também é a primeira vez que recebe homenagem no estado, à altura de sua notoriedade nacional (...)"
Faltam poucos dias para o MinC (Ministério da Cultura) definir os ganhadores do Prêmio Cultura Hip-Hop - Edição Preto Ghóez. Ao todo, 134 trabalhos de todo o Brasil serão premiados, no valor de R$ 13 mil cada, totalizando pouco mais de R$ 1,74 milhão.O Prêmio é uma promoção das Secretarias da Identidade e da Diversidade e de Cidadania Cultural, em parceria com Instituto Empreender e a Ação Educativa. Uma primeira triagem dos 1.084 projetos recebidos pelo MinC foi feita para avaliar se todos seguiram os critérios do edital do prêmio. Ao todo, 866 projetos (80% das propostas enviadas) foram habilitados e estão aptos a receber o prêmio. Estamos entre as propostas habilitadas, com o projeto da biografia de Nelson Triunfo ("Do Sertão ao Hip-Hop"), na categoria Reconhecimento - Pessoa Física. Na mesma categoria, o próprio Nelson Triunfo também concorre ao prêmio. O mérito artístico e cultural de cada projeto está sendo avaliado pela Comissão de Seleção do Prêmio, que escolherá as iniciativas que defendam o fortalecimento das expressões culturais do hip-hop. Quero, aqui, registrar três ponderações: 1) Não podemos nos esquecer de que o prêmio é uma homenagem justíssima a Preto Ghóez, rapper e ativista falecido em 2004. Não tive a honra de conhecê-lo, mas conheço sua história e acredito que a melhor forma de honrarmos seu legado é respeitando os valores do verdadeiro hip-hop e sua essência transformadora. 2) O maior prêmio que todo verdadeiro hip-hopper poderia receber já foi proporcionado: saber que, em todas as partes do Brasil, existem iniciativas culturais que utilizam o hip-hop como instrumento de reflexão, conscientização, educação alternativa e integração social.Do Amapá ao Rio Grande do Sul, do Acre a Rio Grande do Norte, o Prêmio Preto Ghóez ajudou a detectar projetos muito interessantes, obedecendo às peculiaridades culturais de cada região, mas com uma mesma essência. 3) Se um projeto não for agraciado com o prêmio, isso não significará que ele é ruim ou não possua méritos. Da mesma forma, é possível que algum vencedor seja menos merecedor que algum outro contemplado. A premiação é um reconhecimento, sim, mas desde sua concepção trabalha com uma limitação: só 134 projetos poderão ser laureados. Portanto, desde já sabemos que 732 dos projetos habilitados não receberão o prêmio - e, provavelmente, haverá muitos merecedores entre eles. Espero, de coração, que ninguém fique desanimado ou rechace a iniciativa do MinC caso não receba o prêmio. Afinal, o maior estímulo para todo trabalho que é verdadeiro e sincero deve vir de dentro, e não de fora. Sei que a falta de recursos, às vezes, é um obstáculo considerável. Eu, mesmo, já queria ter cumprido algumas etapas da biografia que a limitação financeira ainda não me permitiu. Mas não deixo de manter o foco na missão e, com ou sem recursos, vou terminar de escrever este livro!
Teve início no dia 21 o XV Festival Internacional de Dança do Recife, que será encerrado no próximo sábado (30/10). Com 91 ações distintas na programação, o evento é promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife, com apoio da Petrobrás e Funarte. Nelson Triunfo será o grande homenageado do festival. Durante seus 10 dias, o XV Festival Internacional de Dança do Recife oferece uma verdadeira "maratona" de espetáculos de dança, intervenções artísticas e atividades formativas com ações externas e em teatros. Junto a atrações nacionais e internacionais, uma característica do Festival, o evento se consolida como um espaço de diálogos sobre criação, exibição, difusão e organização na área da dança, por meio de cursos, lançamentos de livros e encontros como o Ginga B Boy e B Girls, batalha de dança street. Ao todo, 91 ações compõem o festival, tendo como palco escolas, teatros, mercados e espaços públicos, como a Torre Malakoff. Participam das apresentações e oficinas 24 companhias e/ou artistas dos EUA, França, Suíça e Angola, além de grupos ou profissionais brasileiros egressos de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
RECONHECIMENTODefinido como um pernambucano "multifacetado", Nelson Triunfo é o principal homenageado do XV Festival Internacional de Dança do Recife em reconhecimento à sua atuação como dançarino, coreógrafo, poeta, músico, produtor e educador social. XV Festival Internacional de Dança do Recife Quando: de 21 a 30 de outubro Realização: Prefeitura do Recife (PE), por meio da Secretaria e Fundação de Cultura Informações: (81) 3355-3320 Blog:www.dancarecife.blogspot.com Twitter:@festivaldanca Fotos:www.flickr.com/photos/fidr (Fonte: Site da Prefeitura do Recife)
Não quero fazer deste blog um espaço panfletário, mas não consigo deixar de me manifestar acerca da disputa política que vivemos no atual momento, prestes a decidir a eleição presidencial. Em sintonia com o que já dizia Bertolt Brecht, pois, segundo o qual "o pior analfabeto é o político", faço, sim, uma manifestação sobre a corrente política em que acredito. Mais por afinidades ideológicas e menos por coincidência, Nelson Triunfo compartilha desta mesma visão:
O que se coloca em "disputa", neste momento, não são os nomes de quem sucederá Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República. O confronto, a meu ver, é entre dois modelos de se tratar a política: - Um modelo que tem reduzido a desigualdade social e democratizado os bens públicos, olhando para todos os brasileiros como seres humanos (governo Lula/Dilma); - Um modelo que, nos oito anos em que esteve no poder, não fez nada para melhorar a distribuição de renda e deu prioridade a fazer agrados a empreiteiras, banqueiros e outros cânceres sociais (governo FHC/Serra). O PT também cometeu erros e está sujeito a cometê-los novamente. Mas os acertos foram muito maiores e quem critica o atual governo demonstra o mais puro e sujo preconceito de não querer admitir queum torneiro mecânico, ex-retirante nordestino, fez um governo muito superior ao do "doutor que deu aulas na Europa". Os dados e números não mentem. A mudança para melhor, iniciada com o governo Lula, é indiscutível - sobretudo, junto à população de baixa renda. Por isso, a continuidade é fundamental para mostrarmos que o Brasil não quer voltar a ser bicado por tucanos de interesses escusos e elitistas - e, sim, quer seguir mudando para melhor, para que tenhamos uma sociedade mais justa. Não sou petista e até concordo com quem diz que Dilma Rousseff não é a candidata dos sonhos. Mas José Serra, com certeza, é o candidato dos pesadelos! Ademais, não vejo que ser "de esquerda" seja uma 'obrigação' a quem é do hip-hop. Mas, convenhamos, apoiar a elite conservadora não tem nenhuma relação com os princípios e a história de luta da cultura de rua.