segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Estamos no "Manos e Minas"!

Segue abaixo uma matéria feita pelo excelente videorrepórter Rodney Suguita, do programa Manos e Minas (TV Cultura), na festa dos 55 anos de Nelson Triunfo.
O palco, é claro, foi a Casa do Hip-Hop de Diadema, conforme eu já havia escrito aqui.
Vejamos o vídeo, em que tive a chance de falar um pouco sobre a biografia do pai do hip-hop no Brasil, que estou escrevendo (só lamento o fato de meu nome ter sido escrito errado. Meu sobrenome saiu publicado como "Yoshida", quando, na verdade, é "Yoshinaga").


sábado, 28 de novembro de 2009

À procura da fórmula redacional perfeita...

Um dos desafios no projeto de biografar uma pessoa é encontrar a melhor fórmula redacional para a história a ser contada. É preciso ter muito critério na escolha do estilo do texto, além de avaliar minuciosamente seu formato, se o relato seguirá uma linha temporal contínua ou não, como serão divididos os capítulos, etc. Não é tarefa fácil!
Para buscar inspiração, tenho recorrido a outras biografias interessantes e analisado suas fórmulas redacionais. O interessante é verificar que livros excelentes possuem estilos totalmente diferentes.

"Autobiografia de Malcolm X", por exemplo, sobre a vida deste grande líder negro estadunidense*, é narrada em primeira pessoa, apesar de o texto final ter sido escrito pelo jornalista Alex Haley - com base em várias horas de depoimentos de Malcolm X. É um clássico! O texto é bem simples e o ritmo da narrativa torna a leitura muito agradável, do início ao fim. Leitura indispensável!
"O Anjo Pornográfico", biografia de Nelson Rodrigues escrita por Ruy Castro, é outro livro primoroso. Vale frisar que, neste caso, a própria história de vida de Nelson Rodrigues, verdadeiramente impressionante, já é um ponto muito positivo para que o livro fascine o leitor. Mas isso não tira os méritos de Ruy Castro - um ótimo escritor, mas que, infelizmente, também foi o autor de uma das frases mais estúpidas que já vi: "O hip-hop faz mal à saúde".
"Olga" e "Chatô: o Rei do Brasil", de Fernando Morais, conseguem ser livros excelentes com textos concisos, de vocabulário simples, algo bem próximo do jornalismo, mas com cacoetes literários na medida certa.
Também merece menção outro livro deste autor, "Corações Sujos", que não é exatamente uma biografia, mas oferece boas sugestões de técnica redacional. Outro aspecto que merece ser lembrado nos trabalhos de Fernando Morais são as profundas pesquisas documentais que ele faz - com várias reproduções importantes permeando as fotografias. Preciso trabalhar melhor com essa parte...

Em "Nelson Triunfo: Do Soul ao Hip-Hop", opto pela narrativa em terceira pessoa e quero produzir um texto com certa veia literária, mas que seja de fácil leitura. Com riqueza de detalhes na descrição de cenários e situações, porque a história de vida do Nelsão é extremamente cinematográfica. Inclui, por exemplo, ambientes como o remoto sertão pernambucano, a periferia do Distrito Federal e a sempre apressada metrópole chamada São Paulo.
Minha intenção é contar essas passagens todas sempre mantendo um pé no jornalismo e outro na literatura. Ainda não decidi se a narrativa seguirá uma ordem cronológica linear. Talvez, eu "embaralhe" relatos de épocas diferentes, para estabelecer as conexões entre diferentes acontecimentos da vida do Nelsão.
Se alguém estiver lendo isto, aproveito para pedir sugestões de outras biografias em que eu possa buscar inspiração, assim como opiniões sobre como acha que eu deva tratar o texto para uma missão tão importante.


*Utilizo a expressão "estadunidense" porque "norte-americano" é mais adequado para se referir ao conjunto formado por EUA, Canadá e México.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Que tempo bom!

Ainda ambientado na Semana da Consciência Negra, relembro aqui uma canção que tem tudo a ver com essa data e, também, com Nelson Triunfo: "Sr. Tempo Bom", lançada em 1996 pela dupla Thaide & DJ Hum. O videoclipe é épico, seguramente entre os melhores da história do rap brasileiro, e, naquela época, celebrava a memória dos bailes black dos anos de 1970 e 1980, quando o soul e o funk de raiz dominavam as pistas de dança.
Foi a época, também, em que as ideias do movimento Black Power se expandiram para além dos EUA. No Brasil, Nelson Triunfo e Zulu King Nino Brown foram dois fortes nomes da época, e, até hoje, continuam muito ativos no cenário político-cultural periférico.

Antes de irmos ao videoclipe, vale a pena recordar esta obra-prima chamada Preste Atenção (Eldorado, 1996), penúltimo trabalho de Thaide & DJ Hum antes de dissolverem a dupla. Clássico do hip-hop nacional, para muitos - e eu me incluo aqui - é considerado o melhor álbum da dupla. Além da dançante e nostálgica "Sr. Tempo Bom" (que sampleia "Mr. Big Stuff", de Jean Knight), Preste Atenção traz outras ótimas canções, como "Afro-Brasileiro" (também muito sintonizada com a Semana da Consciência Negra), "Acredite em mim", "Desabafo de um homem pobre", "Mó treta" e, é claro, a faixa-título.
Esta é a recomendação do dia para quem quer ouvir um dos melhores discos da história do rap brasileiro!


E vamos ao vídeo de "Sr. Tempo Bom", com as presenças ilustres de Nelson Triunfo e Zulu King Nino Brown:

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

É 'Noiz'!

O jornalista Juca Guimarães, um grande parceiro, escreveu no portal Noiz duas matérias muito boas sobre o Nelsão Triunfo: uma em que ele conta a transição do soul para o hip-hop no Brasil, e outra com o presente escriba, falando sobre o trabalho de biografar o pai do hip-hop tupiniquim.
Confira as matérias Nelson Triunfo - a ponte do soul para o hip-hop e Dança com os manos, dança com a vida.
Valeu, Juca! É Noiz!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Partido Alto" (1984)

O ano era 1984 e Nelsão, que nas festas e bailes de São Paulo, Rio e Brasília já se tornara um exímio dançarino de soul, funk e break, vinha promovendo esta última modalidade nas ruas do centro de São Paulo - muitas vezes, sendo perseguido ou coagido pela polícia.
Mesmo assim, Nelson Triunfo e seu grupo Funk & Cia insistiam em praticar break nas ruas. Os passos quebrados, robóticos, e os saltos e giros que desafiam as leis da Física impressionavam multidões.
O destaque daquele novo tipo de dança logo chegou às telas. Nelson Triunfo e um grupo de b.boys foram convidados a participar da abertura da novela "Partido Alto", da Rede Globo, para fundir os passos do break ao samba.

*Vejamos esta raridade:


*Em tempo: no dia 24 de novembro, serão completados 25 anos da exibição do último capítulo de "Partido Alto".
(essa é pro povinho que curte "Video Show"..... hehe)

domingo, 8 de novembro de 2009

Nelsão no Jô Soares

Esta é uma apresentação de Nelson Triunfo e Funk & Cia no programa do Jô Soares, em entrevista feita em 2001 (ainda vou apurar em que dia e mês).
Na ocasião, Nelson se apresentou ao lado de Joul, Billy, Thula, DJ Davi e os b.boys Guinho e Danzinho. A música apresentada foi "Se liga na rima", produzida por KL Jay (Racionais MCs) e lançada no álbum solo do mesmo, KL Jay na Batida - Volume 3.
Vale lembrar que, oito anos depois deste memorável registro, todos continuam em plena atividade.
Com destaque para Joul - que, com o grupo Matéria Rima e a banca Bico do Corvo,
já levou o hip-hop brasileiro à França e está prestes a embarcar para a Finlândia.
Vamos ao vídeo!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Três gerações nos 55 anos de Nelsão

Passado, presente e futuro do hip-hop brasileiro marcaram a última edição do Hip-Hop em Ação, evento realizado todo último sábado do mês na Casa do Hip-Hop de Diadema.
O tema do último encontro, realizado no dia 31 de outubro, foi "55 anos de Nelson Triunfo", para homenagear e celebrar mais um ano de muita atividade do pai do hip-hop brasileiro.

***(Clique nas fotos para ampliá-las)***

A grande atração do dia foi o cantor Tony Bizarro [à esq.], um dos representantes da cena soul e funk brasileira dos anos de 1970, que conhece Nelsão há 37 anos e fez questão de prestigiá-lo.
Muito solícito, Tony Bizarro deu um show de humildade durante
todo o dia e encerrou a noite empolgando o público - acabou cantando três músicas, uma a mais do que estava na programação.
Além de Tony Bizarro, referências ao "passado" do hip-hop brasileiro estiveram muito "presentes" com a liderança de King Nino Brown (Zulu Nation Brasil) - [à esq.] e uma apresentação diferenciada, do aniversariante Nelson Triunfo junto com os músicos da Nhocuné Soul - banda que já havia apresentado seu próprio trabalho, inspirado em seu segundo CD, "Amando e Sambando", lançado há cerca de um ano.

Eles apresentaram [acima] duas composições de Nelsão, "Novo aboio" e "Liberdade", canções ecléticas que revelam uma face musical dele que poucas pessoas conhecem.
O palco ficou pequeno para os músicos. No microfone, Nelsão confessou que "Liberdade" só tinha sido ensaiada uma vez. Não parecia: a apresentação foi histórica. Duvida? Veja abaixo:



Quem conferiu esse show sentiu o espírito da música negra muito presente na Casa do Hip-Hop.
Discípulo de James Brown e Luiz Gonzaga, como ele mesmo define, Nelsão demonstrou, no palco, mais energia do que muito garoto com três décadas a menos de vida - além de bradar seu orgulho de ser nordestino, expresso no sotaque, no jeito simples e no uso de um chapéu de cangaceiro e uma máscara de Careta (tradição folclórica de sua terra natal, Triunfo).

Da geração atual do hip-hop nacional, a festa teve ainda a discotecagem dos DJs Dan Dan e B.08, grafite com Os Congz e Edinho, apresentações de break com os b.boys e b.girls da casa, além de Daft Crazy, Brothers e Sisters, Juventude Z/L e Soul Sisters (grupo que foi homenageado por completar 10 anos).
Também houve shows do grupo de rap Ornamentais e de Minoro Beat Box, que apresentou seu CD lançado recentemente - o primeiro registro fonográfico brasileiro exclusivamente de beatbox (imitação de instrumentos musicais, feita com a boca). Ele também esbanjou carisma, interagindo com o público e dando dois CDs a espectadores que se propuseram a fazer beat box.
Antes que perguntem onde está o futuro do hip-hop...
Quem viu o ambiente familiar desta festa ficou admirado com a presença infantil, manifestada no beat box de um garoto ou nas performances de vários b.boys mirins [acima], certamente inspirados pelo guru Nelsão. Também esteve presente outro representante promissor da nova geração: o talentoso MC Nicolas, de 11 anos, filho de Joul do grupo Matéria Rima.
Esse legado também inclui o b.boy Andrinho, filho de Nelsão. Aos cinco anos, ele já deixa muito marmanjo desconcertado [à esq., dando um giro de cabeça]
A nova geração está aí, ralando no chão, fazendo o corpo a corpo no lugar certo, bebendo da fonte certa e mirando o futuro.
Bom sinal: isso garante a perpetuação dos valores do hip-hop de raiz por mais algumas décadas... apesar de Nelsão ter mostrado que ainda tem gás para pelo menos mais 55 anos!

***(Clique nas fotos para ampliá-las)***